Trabalhou quase oito anos no Grupo Gazeta Mercantil, passou pelo Valor, DCI e revistas

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Gargalos impedem o "espetáculo do crescimento"

Apesar dos avanços econômicos obtidos nos últimos anos, alguns gargalos, como os problemas de infraestrutura, que elevam os custos logísticos, e de inflação, impedem o Brasil de apresentar o “espetáculo do crescimento”.

Na prática, o espetáculo de crescimento é uma combinação de fatores positivos na economia: aumento robusto da economia permitindo a geração de emprego e consumo equilibrado com a oferta de produtos na praça, alinhado à inflação sob controle e juros baixos, por exemplo. Leia mais sobre o assunto: Aqui.

Sempre que a economia cresce acima das taxas habituais, entretanto, o  dragão inflacionário volta a ameaçar os avanços econômicos com o aumento de preços e, tão logo, as antenas do Banco Central são acionadas para aumentar a taxa de juros (a Selic) e conter o crescimento econômico que se apresenta. Na semana passada o Banco Central voltou a aumentar a taxa básica de juros. A Selic subiu 0,75 ponto percentual para 10,25% ao ano.

A preocupação da autoridade monetária demonstra que há um limite estimado para a economia brasileira crescer. Economistas costumam estimar o Produto Interno Bruto (PIB) potencial do Brasil entre 4% e 5%. Ou seja, são taxas inferiores às projetadas para o crescimento econômico deste, que giram em torno de 7%.

Analistas explicam que um aumento econômico superior a 4% e 5% pode gerar uma forte pressão sobre os preços. Além disso, eles acrescentam que o Brasil precisa ainda resolver alguns gargalos que podem contribuir para dar sustentabilidade à economia. Dentre eles, estão os problemas de infraestrutura que elevam os custos logísticos das empresas (os custos são repassados ao consumidor final) e de escassez de mão-de-obra qualificada para dar conta de atender a exigências do setor produtivo.

PIB em alta

No primeiro trimestre deste ano, o PIB subiu 2,7% sobre o trimestre anterior (outubro, novembro e dezembro de 2009). Com isso, todas as riquezas produzidas no País chegaram a R$ 826,4 bilhões. O aumento foi influenciado principalmente pela alta da produção na indústria, ao crescer 4,2%, no mesmo período.

O resultado mostra uma forte recuperação da economia brasileira, uma vez que nos primeiros três meses do ano passado o PIB estava em baixa (caiu 2,1% sobre o mesmo trimestre de 2008) por conta dos estragos provocados pela crise financeira mundial.

Se comparar  a taxa do primeiro trimestre de 2010 com a do mesmo período de 2009, o aumento foi de 9%. Ou seja, mais vigorosa. Mas isso decorre da "baixa base de comparação" do ano passado.

Mesmo diante do aumento da economia, a oferta de produtos na praça não acompanha a alta do consumo das pessoas e do governo. Esse efeito, chamado de desequilíbrio entre a oferta e procura, desencadeia a inflação, fazendo com que o Banco Central aumente a Selic que provoca um ciclo vicioso na economia: aumenta o custo do dinheiro que reduz o consumo e, conseqüentemente, a inflação.

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