Trabalhou quase oito anos no Grupo Gazeta Mercantil, passou pelo Valor, DCI e revistas

sábado, 12 de dezembro de 2009

Para tirar o brasileiro da "merda", Lula precisa abandonar o discurso

Fonte da charge: Blog do Noblat

Em vez de se limitar ao discurso, o presidente Lula deveria agir _ embora já seja um pouco tarde, pois sai em 2010 _ e promover medidas capazes de beneficiar o brasileiro em longo prazo. Ou seja, deveria exercer o papel de combater a corrupção para o qual foi eleito.

A corrupção é um câncer que interfere no crescimento econômico do País e prejudica a qualidade de vida das pessoas. Os desvios de recursos públicos para saúde, educação e infraestrutura são gigantescos.

Lula vem nadando de braçadas com popularidade superior a 80% graças à carona que pegou com a estabilidade econômica costurada pelo governo anterior, Fernando Henrique Cardoso (FHC).

Cortesia com o chapéu alheio

Não mexeu em nenhum ponto da engenharia montada por FHC e nem sequer fez as reformas estruturais prometidas na Carta ao Povo Brasileiro (leia abaixo). Lula manteve a nossa moeda Real, as metas de inflação, pelo instrumento de política monetária, a taxa Selic. Leia mais sobre Selic: http://pt.wikipedia.org/wiki/Taxa_SELIC.

Foi mantida também a política fiscal, que estabelece a economia anual de bilhões de reais para o pagamento de juro da dívida pública, principalmente ao sistema financeiro, os principais compradores dos títulos da dívida do governo. Esta uma forma de assegurar a estabilidade da economia, já que o país não tem recursos suficientes para quitar 100% os débitos públicos. Além disso, os esborços dos programas sociais haviam sido desenvolvidos por Ruth Cardoso.

Apesar dos erros, FHC pelo menos fez um favor à sociedade brasileira. Construiu meios para baixar os índices estratosféricos da inflação e buscou conter, em parte, os gastos públicos pela implementação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) _ mesmo "doando" parte do patrimônio público quando promoveu as privatizações. Os frutos de tais medidas hoje estão sendo colhidos e devem beneficiar a população, também, em longo prazo.

Porém,
para nossa felicidade, ainda bem que Lula manteve a política adotada no governo anterior, apesar de não admitir tal fato.

Reformas estruturais ficarão para o próximo governo

Lula deveria ter avançado nas reformas, pois sua popularidade superior a 80% permite angariar apoio do Congresso Nacional. Porém, reformas tributária, previdenciária e medidas para inibirem os desvios dos gastos públicos, dentre outras, ficarão para o próximo governo, já que o seu vigora até 2010.

Já o programa Bolsa Família, que distribui cerca de R$ 13 bilhões anuais à população de baixa renda, é importante para a melhoria da distribuição de renda no País. Porém, isso, sozinho, não é suficiente para beneficiar a população em longo prazo, já que não se trata de uma Lei. Para ser mantido, dependerá da boa vontade do próximo governo.

Além disso, os recursos estão aquém dos mais de R$ 500 bilhões anuais direcionados ao pagamento e rolagem do juro da dívida pública, conforme dados do Tesouro Nacional; e certamente supera os bilhões  anuais que evaporam do Orçamento Público.

Pendências nas reformas prometidas na Carta ao Povo Brasileiro

Leia trechos da carta:

"O povo brasileiro quer mudar para valer. Recusa qualquer forma de continuísmo, seja ele assumido ou mascarado. Quer trilhar o caminho da redução de nossa vulnerabilidade externa pelo esforço conjugado de exportar mais e de criar um amplo mercado interno de consumo de massas".

Quer abrir o caminho de combinar o incremento da atividade econômica com políticas sociais consistentes e criativas. O caminho das reformas estruturais que de fato democratizem e modernizem o país, tornando-o mais justo, eficiente e, ao mesmo tempo, mais competitivo no mercado internacional.

O caminho da reforma tributária, que desonere a produção. Da reforma agrária que assegure a paz no campo. Da redução de nossas carências energéticas e de nosso déficit habitacional. Da reforma previdenciária, da reforma trabalhista e de programas prioritários contra a fome e a insegurança pública."

Leia o documento na íntegra: http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=2324

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