Trabalhou quase oito anos no Grupo Gazeta Mercantil, passou pelo Valor, DCI e revistas

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Inflação domada é um dos principais programas sociais do País, diz professor



A redução da inflação representa um dos principais programas sociais do País, segundo o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade _ da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Simão Davi Silber.

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fechou 2009 em 4,31%, abaixo do centro da meta estipulada pelo Banco Central para o ano _ de 4,5%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Caiu 1,59 ponto percentual em relação à taxa de 5,90% em 2008.

Com o dragão da inflação sob controle o consumidor consegue comprar mais desembolsando menos recursos.

Segundo a Folha de São Paulo, no acumulado do govero de Luiz Inácio Lula da Silval, de 2003 a 2009, sob o governo do PT, o índice médio caiu para 5,7%. O que mostra a trajetória de queda dos indíces de preços, uma vez que entre 1995 e 2002, governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o IPCA médio ficou em 9,1%. O IPCA é o indice oficial do governo para a medição da inflação.


Inflação baixa e aumento de renda

A novidade  no governo Lula é que houve um equilibrio entre a redução dos preços e aumento da massa salarial sob a influênica do aumento do salário mínimo e dos programas de transferência de renda, principalmente o Bolsa Família. A combinação de ambos os fatores funcionou como motor de redução da pobreza. Em 2003, com um salário mínimo, era possível comprar mais de uma cesta básica (1,5). Enquanto  hoje se compra algo mais do que duas (2,2) cestas básicas.

O processo de queda de inflação começou a partir 1994 quando foi implementado o Plano Real, em junho do mesmo ano. Em seu livro, A Era da Turbulência, o ex-presidente do Banco Central dos Estados Unidos, o Federal Reserve Board (FED), Alan Greenspan, destaca como  galopante a inflação do Brasil que chegou a 5.000% nos 12 meses entre meados de 1993 e meados de 1994.

Verdades sobre o Plano Real

Ao destacar que a implementação do Plano Real foi bem-sucedida, o livro de Greenspan diz que  Fernando Henrique Cardoso foi apenas um dos arquitetos do Plano Real. Na verdade o Plano Real foi desenvolvido no governo Itamar Franco (1982-1994). Naquela época a inflação e instabilidade econômica já eram as principais preocupações econômicas do governo Itamar Franco.

Segundo o livro História do Plano Real, de autoria de Luiz Filgueiras, o Plano Real foi anunciado em 07 de dezembro de 1993 e concretizado em julho de 1994. Foi constituído em três partes: Ajuste fiscal, criação do indexador chamado de  Unidade Real de Valor (URV) e a instituição da nova moeda. Filgueiras é professor e pesquiador do Departamento de Economia Aplicada e do Mestrado de Economia da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Os três pilares são os responsáveis pela sustentação da estabilidade econômica de médio e de longo prazo. 

Receituário americano

Para Filgueiras, o plano de estabilidade da economia brasileira, adotado em meados da década de 1990, é fruto da nova ordem mundial chamada de  Consenso de Washington, receituário americano para promover o "ajustamento macroeconômico" dos países em desenvolvimento que passavam por dificuldades. Neste caso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) é o órgão que vai dar as coordenadas da política e conceder empréstimos aos países em desenvolvimento.

Para Davi Silber, hoje a economia brasileira está estruturada e os principais pilares da atual política devem ser mantidos nos próximos governos. Os passos seguintes são os de aperfeiçoá-la, com redução de gastos públicos desnecessários, por exemplo. Porém, o governo continua a gastar muito e mal, como criticam os economistas.

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