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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Antropólogo denuncia exploração escrava de piaçabeiros na Amazõnia

O conhecimento tradicional em manejo de piaçaba, fibra utilizada na vassoura, vem sendo explorado por comerciantes que utilizam a mão-de-obra escrava de indígenas de várias etnias, principalmente tucanos e bares, no Médio Rio Negro, em Barcelos, município da Amazônia que faz fronteiras com a Venezuela. A afirmativa é do antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida, professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

“Os piaçabeiros do Médio Rio Negro trabalham em condições análogas ao trabalho escravo, sem o reconhecimento real do custo de produção de seus trabalhos. O preço pago pelo trabalho dessas pessoas é ínfimo”, disse Almeida, destacando que as fibras são exportadas principalmente para Europa.

Piaçabeiro

Conforme o antropólogo, conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), esses indígenas, que moram em uma região com alta incidência de barbeiro, vivem em condições muito sofridas. O dinheiro simbólico que os piaçabeiros recebem da extração da fibra é destinado ao sustento das famílias. “É uma troca muito desigual pela força de trabalho exercida por esses povos”, declarou.

Sob pressão de armamento dos comerciantes do setor de piaçaba, os indígenas recebem apenas R$ 0,25 centavos para cada rolo extraído da fibra, estimado entre 13 e 14 quilos, no mínimo. “É um ato de exploração da força de trabalho”, reafirma o antropólogo, coordenador do projeto Novas Cartografias Social da Amazônia.

O valor pago para cada rolo extraído da fibra é simbólico considerando que são utilizados 300 gramas da fibra, em média, na produção de cada vassoura de piaçaba.

(Viviane Monteiro - Jornal da Ciência)

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