Trabalhou quase oito anos no Grupo Gazeta Mercantil, passou pelo Valor, DCI e revistas

terça-feira, 26 de junho de 2012

Mais consciente, consumidor tende a ditar as regras de mercado sobre o meio ambiente

A Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), a Rio+20, terminou sem propostas concretas sobre a sustentabilidade do planeta Terra. Isso não quer dizer que não haverá mudanças na preservação do meio ambiente. O consumidor, hoje mais consciente sobre os danos ambientais e mais adpeto ao uso de produtos sustentáveis, deve ditar as regras de mercado.

A seguir a matéria sobre as preocupações de alguns segmentos em uma tentativa de atender às exigências internacionais.


Projeto para reduzir lixo no País
Diante da intensificação de cobranças sobre o destino correto de resíduos sólidos de produtos eletroeletrônicos, grandes responsáveis pela poluição ambiental, o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer desenvolveu um pré-projeto com o intuito de orientar as pequenas e médias empresas do setor de equipamentos eletromédicos - intensivos em tecnologia - na reutilização dos equipamentos obsoletos ou fora de uso. Tais como mesa cirúrgica, bomba de infusão e ventilador pulmonar, alguns dos produtos incluídos no setor de eletroeletrônicos.
Foto do Google
A proposta é reduzir o lixo derivados desses equipamentos surtindo impacto positivo no meio ambiente. "O planeta Terra está em seu limite físico e temos de encontrar uma solução para os resíduos sólidos de uma forma geral", disse o pesquisador do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, Marco Antonio Silveira.

Conforme o pesquisador, a tendência é de que a indústria, de um modo geral, seja obrigada a criar um novo modelo de produção para incluir a responsabilidade ambiental no processo produtivo nos próximos anos. Ou seja, as empresas devem ser as responsáveis pelo fim da vida de cada produto desenvolvido, como ocorre hoje com as pilhas.

Mudanças de paradigmas
Para ele, o processo produtivo sem responsabilidade ambiental tende a ficar muito oneroso nos próximos anos, em uma tentativa de forçar os cuidados dos fabricantes na desmaterialização ou desfabricação do produto, evitando o lixo eletroeletrônico.

Hoje o Brasil é um dos principais exportadores de lixo eletroeletrônico do mundo, responsável por 680 mil toneladas anuais exportadas, entre celulares, televisores e computadores, segundo pesquisadores do órgão, baseados em dados da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) de Minas Gerais. Não existem números disponíveis de quanto os equipamentos eletromédicos representam do lixo total do setor de eletroeletrônicos no País.

Em razão da baixa reutilização desses equipamentos internamente, os pesquisadores do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer citaram dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) de que em número per capita, o Brasil produz o dobro do que a China em lixo eletroeletrônico por ano, ainda que a população chinesa seja quase cinco vezes maior do que a brasileira.

O Brasil exporta esses lixos, basicamente de graça, para o Japão, Bélgica e Alemanha, campeões na transformação desses resíduos (que podem ter ouro, prata e cobre) em matéria-prima. Isso porque possuem tecnologias economicamente viáveis para o descarte correto dos produtos.

Produtos barrados no exterior
Silveira disse que o pré-projeto foi criado baseado tanto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, prevista para vigorar em 2014, quanto nas normas da União Europeia. Hoje os países europeus são os mais avançados em políticas de reciclagem de produtos eletroeletrônicos. 

Desde 2006, a União Europeia adotou normas pelas quais proíbe a importação de produtos eletroeletrônicos sem a garantia de um destino seguro para os aparelhos obsoletos ou fora de uso. Esse é um dos motivos pelos quais o Brasil reduziu drasticamente as vendas de eletromédicos - incluídos na categoria de eletroeletrônicos - para os europeus, segundo o pesquisador.

Em busca de apoio
Criado inicialmente com o apoio de nove empresas de eletromédicos, o pré-projeto busca novos apoios financeiros, público e privado, para entrar no que seria sua segunda fase de operação. Isto é, expandir para toda cadeia produtiva.
O pré-projeto recomenda, por exemplo, regulamentar as empresas recicladoras de mesa cirúrgica, bomba de infusão e ventilador pulmonar, por exemplo, para antecipar a prática da chamada logística reversa ou cadeia produtiva reversa, prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos. A proposta é assegurar que todo produto eletromédico criado no Brasil tenha um destino seguro e não fique exposto ao meio ambiente no fim de sua vida.

A proposta é também permitir que as pequenas e médias empresas de equipamentos eletromédicos sejam certificadas para identificar o nível de periculosidade dos produtos desenvolvidos internamente. Até então, as fabricantes nacionais de eletromédicos precisam recorrer à China para realizar esse procedimento.         

Transformando limão em limonada
De olho nas novas tendências, o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer montou uma exposição interativa no espaço científico e tecnológico no Armazém 4 do Pier Mauá, durante a Rio+20, com a participação de um artista plástico para mostrar a possibilidade de reutilização de produtos eletroeletrônicos. 

Com a expressão "transformando limão em limonada", o artista transforma os equipamentos obsoletos em pequenos brinquedos eletrônicos, como helicóptero e animais eletrônicos, com restos de fios, mouses velhos e outros objetos sucateados. 

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