Trabalhou quase oito anos no Grupo Gazeta Mercantil, passou pelo Valor, DCI e revistas

terça-feira, 20 de abril de 2010

BRASÍLIA: tudo que é sólido desmancha no ar



Em sua principal obra “Tudo que é sólido desmancha no ar”, o sociólogo americano Marshall Berman faz uma dura crítica ao desenvolvimento de Brasília, que completa amanhã 50 anos.

Segundo o autor, a construção de Brasília talvez fizesse sentido para ser a capital de uma ditadura militar, comandada por generais que quisessem manter a população a certa distância, isolada e controlada. Ele reforça que a nova capital do Brasil foi construída em uma tentativa de inibir a democracia brasileira.

O pensamento do autor é remetido a 1964, pouco depois da inauguração de Brasília, quando a democracia brasileira foi derrubada e foi instaurada a ditadura militar.

Berman lembra que no início de 1980, quando os brasileiros reconquistaram a democracia, não foram poucas as pessoas que se manifestaram contra o projeto da capital federal “que parecia ter sido projetada com a finalidade de mantê-los calados”.

Há o que se concordar com o autor que declara que a sensação geral que se tem da cidade é de enormes espaços vazios onde o individuo se sente solitário e perdido. Ou seja, "tão sozinho como um homem na lua".

“Há uma ausência deliberada de espaços públicos para que as pessoas possam se reunir e conversar, ou simplesmente olhar uma para a outra e passar o tempo. A grande tradição do urbanismo latino em que a vida urbana se organiza em torno de uma grande praça é rejeitada de modo explícito (em Brasília)”, diz o autor.

Brasília surpreende

Porém, parafraseando o título da obra do autor, as previsões traçadas para Brasília, talvez, estejam  a "se desmanchar no ar”. A capital federal superou, e muito, a meta em relação ao número de habitantes hoje apresenta problemas sociais e estruturais como qualquer cidade brasileira, principalmente nas cidades satélites, onde se vê com muita nitidez a ausência do Estado.

Inicialmente, a cidade foi desenvolvida para abrigar apenas 500 mil habitantes, conforme a Lei no 1803 de 5 de janeiro de 1953. Entretanto, ela se depara com uma população de 2,6 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE de 2009.

Pode parecer ironia do destino, mas foi em Brasília que um governador foi preso em pleno exercício _ um fato inédito na política brasileira. O então governador José Roberto Arruda (DEM) ficou preso por 60 dias e, por pouco, o Distrito Federal não sofreu a intervenção do Governo Federal em razão de atos de corrupção.

Talvez o grito da população, principalmente o dos estudantes brasilienses, não tenha determinado a prisão de Arruda. Porém, serve de base para mostrar o descontentamento com o atual modelo político da capital federal _ baseado em políticas clientelistas, aplicado em todo o País. O que se conclui hoje é que capital federal, apesar dos avanços, ainda representa o símbolo da inoperância do Estado brasileiro.

Um comentário:

  1. Hoje enviei para todos os blogs que sigo este comentário para reflexão:A história é uma galeria de quadros onde há poucos originais e muitas cópias O 25 Abril de 1974 sendo uma revolução pintou com cravos um marco na história mundial como um movimento pacifista conseguindo mudar as ideias e o rumo dum povo em busca dum sonho. É um sonho inacabado mas será sempre um sonho de liberdade e democracia. e homens libres são aqueles que não receiam ir até ao fim da sua razão. Abaixo deixo o link da música que operacionou no dia da revolução dos cravos, vale a pena pela musicalidade, espero que gostes!
    http://www.youtube.com/watch?v=ci76cKwFLDs

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