Trabalhou quase oito anos no Grupo Gazeta Mercantil, passou pelo Valor, DCI e revistas

sábado, 11 de junho de 2011

Finep defende choque de inovação nas commodities

É chegada à hora do Brasil promover uma reformulação no modelo para a área de inovação tecnológica a fim de agregar mais valor às matérias-primas produzidas internamente. É com essa visão que o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Glauco Arbix, pretende comandar as ações da entidade nos próximos quatro anos.

Para ele, o petróleo é o “filé mignon” dentre os demais insumos que compõem a cesta de commodities brasileiras, podendo render bons dividendos à economia nacional.

Dessa forma, a Finep, segundo Arbix, não se limitará a dar apoio financeiro à empresas que apresentarem projetos inovadores para a exploração do petróleo em águas profundas. “Vamos interferir no coração da indústria petroleira, na área de inteligência, para capacitar e estimular a indústria nacional a entrar nessa cadeia”, exemplifica Arbix.

Além de estimular a exploração de petróleo na camada de pré-sal, o presidente da Financiadora prevê incentivar a inovação tecnológica em outros quatro setores considerados prioritários: energia limpa (etanol de segunda geração), meio ambiente, fármacos e a qualificação profissional na área de inovação tecnológica.

Arbix reconhece, por outro lado, ser mais fácil falar do que fazer, justamente porque nem tudo depende de sua boa vontade. Tão logo assumiu a presidência da entidade foi surpreendido pelo corte de R$ 610 milhões no orçamento deste ano da Finep dedicado ao apoio financeiro a projetos de inovação sem reembolso.

Uso da inovação como estratégia - A avaliação de Arbix é incorporar a inovação como uma “estratégia sistemática” na relação empresas-universidades gerando valor à produção e contribuindo para uma nova inserção do Brasil no mercado internacional. Ele sugere ainda formação de consórcios como uma das alternativas capazes de estimular a indústria petroleira a explorar petróleo em águas profundas.

Ao mesmo tempo em que defende o aumento do investimento dos setores público e privado, a fim de fazer frente às expectativas na área de inovação, Arbix reitera a necessidade de duplicar a capacidade de crédito da Agência, para R$ 8 bilhões, até o fim de 2014. Se considerar apenas a iniciativa privada, ele enxerga a necessidade de aumentar a fatia dos atuais 0,65% do PIB para 0,9%, pelo menos. Além disso, Arbix volta a defender a ideia de transformar a Finep em um efetivo banco de fomento à inovação, embora já a considere ser uma agência financeira.

“Inovação hoje não é uma escolha, ela é uma questão de necessidade”, destaca Arbix, que acredita que a ciência e a tecnologia são à base da atual economia. “Sem inovação seremos engolidos, pois essa é a dinâmica que movimenta a economia. Hoje, a economia não pode mais depender de commodities, o que permite a reciclagem das empresas”.

Energia renovável - O presidente da Finep quer dar prioridade a pesquisas nas áreas de energia limpa, que abrange a eólica e solar. Além disso, pretende dar atenção aos projetos inovadores de etanol de segunda e de terceira geração, embora alguns desses já estejam em curso e devem ganhar força tão logo entre em operação a Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (PPDP) do Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), instalada em Campinas ainda neste semestre.

A área de fármacos é outra prioridade de Arbix. Segundo ele, o Brasil precisa produzir novos medicamentos, equipamentos médicos, dentre outros, em uma tentativa de substituir as importações desses produtos. O País acumula “grande” déficit (US$ 10bilhões) na balança comercial de medicamentos.

A área ambiental também deve fazer parte das atenções da Finep, igualmente a indústria de serviços (gás e minério); e a de defesa (mísseis e aviões). “Vamos manter o ritmo (atual) de inovação e aprofundar nas pesquisas”, enfatiza Arbix.

Ele entende que a inovação tecnológica deve vir acompanhada do investimento em capital humano. Arbix parte do principio de que sem capital humano não há inovação. Dessa forma, defende a qualificação profissional para fazer frente aos objetivos do Brasil de conquistar novos patamares nessa área.
(Viviane Monteiro - Jornal da Ciência, em 01 de abril, para assinantes)

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